abril 20, 2011

I'm alone (No, not now)

Sabes o que é quando o que mais desejas no mundo nunca acontece, parece nunca vir a acontecer e, quando já não o queres, acontece? E esse acontecimento te tira tudo? Sabes o que é querer lutar por algo e não conseguir porque algo te impede? Antes, tudo o que queria, no mundo mesmo, era poder sair daqui e, agora que posso, tenho tanto a prender-me aqui que não quero ir, mas não sei como o negar. Como já estou aqui há bastante tempo, não que me considerem um incomodo - dizem elas – tenho de começar a pensar o que farei daqui a algum tempo, porque vou deixar de puder permanecer cá! Hoje de manhã passou aqui uma senhora de idade – cerca de 50 talvez – a qual alegava que precisava de companhia em casa, devido á morte do seu marido e ao facto de não ter filhos. Como eu era a mais velha foi-me dito a mim que ela me iria “levar” a mim. O meu mundo desabou no preciso momento que proferiram essas palavras. Que iria eu fazer? Agora tudo o que eu queria encontrava-se ali. Não, não me podia ir embora, não agora. Eu sabia que eu tinha a escolher, ir ou ficar, por ser mais velha, mas sabia que ia parecer mal, mas no momento não sabia o que fazer. Não queria saber o que iriam pensar, mas seria uma hipócrita por não ir; logo eu, que sempre quisera sair de lá. Sai da sala a correr e tranquei-me no quarto, deitei-me na cama e agarrei-me á almofada. Não sabia o que fazer, não iria ser feliz longe dali, mas sabia que não poderia ficar ali para sempre e que, a saída, mais tarde ou mais cedo, seria inevitável. Pierre, ao passar no meu quarto para me ir buscar para irmos dar uma volta – tal como havíamos combinado – estranhou ao verificar que a minha porta se encontrava fechada e trancada. Bateu uma e outra vez e eu, sobressaltada, levantei-me e fui em direcção a casa de banho lavar a cara que tinha sido, á segundos a trás, inundada pelas lágrimas. Soltei um grito abafado «Vou já!» e, tomando consciência de me ter esquecido do nosso pequeno encontro, vesti-me rapidamente, após lavar a cara e corri a abrir a porta. Eu sabia que a minha tentativa, falhada, de lhe esconder o meu estado não iria dar resultado, chegamos ao jardim e contei-lhe tudo e ele apenas me disse «Pensa com calma. Não precisas de sair, nem precisas de ficar. Precisas de fazer o que achares melhor. Talvez seja melhor saíres agora, teres uma casa, um lar, do que daqui a um ou dois anos e não teres onde ficar.» Eu sabia que, em certa parte, ele tinha razão. «Mas … E nós?» - perguntei. «Se percebi bem, a senhora que te quer adoptar mora nesta mesma rua, poderás continuar a ir às aulas no colégio, não estaremos 24horas por dia juntos, mas estaremos sempre juntos.»
Hoje dirigi-me ao meu quarto mais cedo, precisava de pensar em tudo. Estou aqui há duas horas e, continuo sem saber o que fazer … Eu gosto mesmo dele, mas ele tem razão. «Devo ir?» essa pergunta teimava em não sair da minha cabeça.
Marrie
[inventado]

(dêem opinião, que é que acham que ela deve fazer?)

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