julho 27, 2011

Trust, #2

Ainda meio atordoada, olhou para o seu relógio o qual marcava as onze horas da noite, havia-o partido enquanto corria. Não sabia que horas eram mas pensava que não fosse muito tarde. Com esforço, levantou-se e trepou as paredes de terra enlameadas do buraco onde havia caído. A muito custo e após várias tentativas conseguiu subir as paredes escorregadias. A medo, pôs a cabeça de fora do buraco e examinou o exterior, via apenas árvores e ouvia um ténue ruído de carros, sabia que não poderia estar muito embrenhada na floresta, nem muito longe da estrada, isso era bom, ao menos fazia alguma ideia de onde estava apesar de ser muito relativa. Ergueu-se e constatou, então, o estado lastimável em que se encontrava, observou o leve vestido branco que vestira na noite anterior para se ir encontrar com Afonso, o seu namorado, na noite anterior, que se encontrava, agora, num acastanhado cor de lama e todo rasgado.
«Afonso» - lembrou-se - «Ele deve achar que o deixei plantado, não cheguei a encontrar-me com ele e nem tenho o meu telemóvel pois deixei-o em casa, ainda por cima não sei onde estou.»
Devagar dirigiu-se de encontro ao som que ouvia. Ao chegar perto da estrada apercebeu-se de que não se encontrava muito longe da cidade, não sabendo o que fazer dirigiu-se a casa de Afonso, ainda com a cara inchada de tanto chorar na noite anterior, com a cara ensanguentada, talvez de uma ferida feita durante a queda, com os pulsos marcados após ter estado algumas horas presa, acorrentada. Correu o meia de pressa para lá, mas sempre escondida do olhar alheio, pelo interior da floresta, acompanhando a estrada a alguma distância de si.

*

Rapidamente chegou a casa de Afonso, continuava num estado lastimável, o cabelo despenteado, o vestido rasgado e enlameado; estava num estado lastimável, horrível, mas não sabia para onde mais ir, não poderia voltar a casa. 
For Afonso quem lhe abrira a porta este, surpreendido pelo seu estado lastimável, não articulou nenhum som, ficando com um ar confuso, especado, a olhar para ela. Ela ao vê-lo, começou a chorar e a balbuciar qualquer coisa imperceptível aos ouvidos dele e ele abraçou-a tentando acalmá-la, em vão. Ele levou-a para dentro, tentando que ela lhe explicasse o que aconteceu.
- Não posso voltar a casa ... Eles seguiram-me quando fui ter contigo e sei que irão procurar-me lá. - Repetia isso vezes e vezes sem conta, apesar de Afonso perguntar quem eram eles e o que queriam dela, mas não conseguia obter qualquer resposta.
(inventado)

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