fevereiro 22, 2011

Uma carta, um amor .. parte 3

Tinha passado a noite em casa de Filipe, era comum dormirmos em casa um do outro pois, partilhava-mos tudo. Mas houve qualquer coisa nele, qualquer coisa que estranhei, não parecia triste ou preocupado, mas era alguma coisa. Contudo, ele insistia que tudo estava bem. De manhã dei-lhe um abraço e depressa me dirigi a casa. Quando lá cheguei, para minha desilusão, nada se encontrava na porta, nenhuma, carta, bilhete nada ...
Entrei em casa, passado uns minutos, recebi uma chamada, era o Filipe, que estranho.
Matilde: - Filipe, que se passa? Ainda agora estivemos juntos, porque me ligas?
Filipe: - Tu sais-te tão depressa que nem consegui dizer-te nada ..
Matilde: - Oh Filipe desculpa ..
Filipe: -Não te preocupes Matilde. Ouve ..
Matilde: - Sim?
Filipe: - Se eu dissesse que gosto de ti?
Matilde: - Diria o mesmo, pois sempre gostei e vou gostar ...
Filipe: - Hmm .. Pois .. E se eu dissesse que me ia embora?
Matilde: - Pedia para ficares. Mas porquê tudo isto?
Filipe: - Por nada .. Matilde tenho de desligar, desculpa. Beijinho, gosto muito de ti.
Matilde: - Filipe, espera ...
E ele desligara a chamada. Achei tudo muito estranho e voltei a calçar os meus ténis, que havia descalçado ao entrar em casa e dirigi-me a casa dele, o mais rápido que pude. Toquei a campainha, uma e outra vez, esperei e nem sinal dele.
Agarrei no telemóvel e mandei-lhe uma mensagem «Por favor, quando vires esta mensagem liga-me o mais rápido possível, quero falar contigo. Beijinhos. A tua Matilde.»

Dirigi-me novamente a casa e desta vez, ao chegar a porta, lá estava, um envelope cor-de-rosa que dizia "Carta 3". No interior encontrava-se um papel que dizia «E se eu dissesse que gosto de ti?».
Aquelas 8 palavras lembraram-me a conversa com Filipe de manhã, mas não, nunca seria ele, provavelmente era coincidência.. Sim, uma coincidência, eu ter passado a noite em casa de Filipe e toda aquela conversa de manhã, ele deveria estar de novo com as suas "inseguranças" pois nunca se achava suficientemente bom amigo, e essas coisas. Eu dizia-lhe que tudo isso era uma estupidez, pois eu nunca tivera alguém como ele por perto, pois com ele nunca me sentira sozinha. Sim, tudo isto deveria de ser uma coincidência.
Ouvi o telemóvel tocar e dirigi-me na sua direcção. 2 mensagens, uma do Filipe e outra de um número anónimo. Abri-as:
Número anónimo: «E se eu dissesse que gosto de ti? Amanhã uma quarta carta te aguarda.»
Filipe: «Desculpa-me Matilde, mas agora preciso de me afastar um pouco. Por favor não me julgues, juro que um dia vais perceber. Eu gosto muito de ti, perdoa-me por isto.»
Esta ultima mensagem fez-me sentir como se alguém me tivesse arrancado o coração, senti-me extremamente só, sem ninguém que me amparasse as quedas, sem ninguém que me abraçasse e me sorrisse, senti-me perdida. Tinha esquecido completamente as cartas e todo o mistério, na minha cabeça ecoavam apenas duas palavras «Filipe, volta» e estas duas palavras davam cabo de mim. Sentia-me como se tivesse perdido o meu amor, o meu primeiro amor, e não gostava nada desse sentimento. Mas depois apercebi-me que era a ele que tudo me lembrava, por isso tudo era familiar, tudo me parecia ele, mas não podia ser. Sim, esqueci-me de todo o mistério e de tudo o resto e cheguei a conclusão de que o queria a ele comigo, fosse como fosse e faria tudo, tudo para o ter de volta, mesmo não sabendo o quê, sabia que era dele que precisava. Ele não me podia ter deixado sozinha assim, não depois de tudo. Mas uma duvida ficou na minha cabeça: porque será que me sentia como se o tivesse amado com todo o coração e só agora me tinha apercebido? Será que o amava mesmo? Mas, naquele momento, só sabia que tinha perdido o mundo.
(inventado)

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