fevereiro 26, 2011

Livro Aberto

Capítulo I
Finalmente era Verão! Que bom, já não podia esperar mais, os meus pais tinham-me prometido que, assim que fizesse dezoito anos, poderia, no Verão, fazer a viagem que quisesse. Eu, a Daniela, que era a minha melhor amiga, o Mário, que era o meu melhor amigo e o André andávamos a planear uma ida á Austrália, estava na altura de deixarmos, por um tempo tudo de lado, queríamos descontrair e divertir-nos e para isso nada melhor que umas longas férias, fora de Portugal e desta cidadezinha, onde toda a gente se conhece e onde tudo é igual. A escola acabava dia 18 de Junho e nós partíamos dia 20.
[Dia 18] Após sairmos da escola dirigimo-nos, cada um a sua casa, o mais rápido possível e começamos a fazer as malas, eu tinha ido ao sótão buscar uma mala de viagem bem grande, onde pusera uma toalha de praia, bikinis, chinelos, sandálias, calções, t-shirts e vestidos e tudo o resto de essencial. Levava também um ou outro par de calças e um casaquinho, mesmo sendo Verão, poderia, num ou noutro dia, fazer frio.
[Dia 20] De manhã cedo, fomos para o aeroporto, já tinha deixado tudo preparado na manhã anterior, passaporte, bilhete e tudo o que era necessário. Deram-se as despedidas e lá embarcamos. Nós os quatro, sempre, sempre juntos, em tudo o que fazíamos.
Por fim chegamos. Instalamo-nos no hotel e a mim, calhou-me ficar com o André, o quarto tinha camas separadas, era lógico, mas eu mesmo assim questionava-me o porquê de não ter ficado com a Daniela, pois éramos ambas raparigas, mas a verdade é que ela estava interessada no Mário, e ele nela, provavelmente isso teria influenciado. Mas não estava muito importada, sempre achara o André muito querido, engraçado e atencioso. Entrara no quarto e vira duas camas, com um intervalo entre elas de pouco mais de 1 metro, uma perto da janela e a outra perto da entrada da casa de banho ..
André: - Susana… Queres ficar em qual?
Susana: - Tanto faz, mas admito que a vista da janela me agrada…
André: - Então pronto, não se fala mais nisso, ficas com a cama ao pé da janela.
Susana: - Mas tu não queres escolher antes a que mais te agrada?
André: - Para mim tanto faz, uma cama é uma cama.
E dito isto, sorriu-me. A verdade é que, apesar de sermos um grupinho com apenas 4 pessoas, o André era aquele com quem tinha menos afinidade e apercebi-me que, talvez estas férias, fossem o ideal para nos aproximarmos. Instalamo-nos no quarto rapidamente e fomos, ao quarto de Mário e Daniela, ver se eles        queriam ir lá abaixo até a praia. Fomos ao quarto deles e batemos, uma e outra vez e nada, até que passou uma empregada e pedimos para ela abrir a porta, pois não conseguíamos falar com os nossos amigos. Ao abrir a porta do quarto verificamos que eles tinham adormecido.
Susana: - São sempre a mesma coisa, estes dois. Como podem chegar a um sítio tão bonito e a primeira coisa que fazem é meterem-se numa cama? Que desperdício de tempo …
André: - Deixa os lá, estavam cansados de certeza, deixemo-los dormir em paz. Vamos nós aproveitar.
Susana: - Até que tens razão.
Sai-mos e fechamos a porta e então disse: Bem, vamos a praia?
André: -Sim, vamos. Vamos aproveitar este sol e este calor.
Já nos encontrávamos á um bom bocado deitados na areia a contemplar a água até que eu agarrei num bocado de areia e lho mandei para cima. Ele riu-se, mas ficou a olhar para mim, estático, com aquele sorriso encantador.
Susana: - Então? És um meninoo. Não fazes nada?
André: - Não sou um menino, apenas estou a ponderar na melhor maneira de me vingar.
Susana: - Sim, sim.
André levantou-se, agarrou-me e, elevando-me, começou a dirigir-se á água.
Susana: - Que estás a fazer?
André: - A mostrar-te que não sou um menino. Diz-me lá, tens medo de ir á água vestida é?
Susana: - Não, solta-me, solta-me. Não faças isso vá.
E comecei a espernear mas não me conseguia soltar, até que saltei do colo dele e mandei-me para a areia. Comecei a correr em direcção á água e a dizer: Eu não tenho medo de nada, vem lá atrás de mim, seu maricas. Quero-te ver dentro de água com a camisola, vamos.
Corria cada vez mais rápida pronta a atirar-me para dentro da água contra as ondas e, quando dei por mim, vinha ele a correr atrás de mim, com um enorme sorriso e, quando demos por nós, encontrávamo-nos molhados, dentro de água, com as nossas t-shirts vestidas a sorrir um para o outro, de cumplicidade. Tinha nascido algo mais, naqueles minutos em que nos encontramos juntos.
(inventado - história dedicada a MQ)

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