março 03, 2012

(2) pai


«Durante todo o caminho para casa ninguém disse nada, a minha irmã ia sentada ao meu lado e o meu pai, a conduzir, nem me dirigiu o olhar, limitava-se a guiar com um ar desiludido. Sim, eu sei que ele está desiludido comigo mas ele não compreende, ninguém compreende, nem sequer tentam. Sei que eles se preocupam, mas eu não consigo aguentar, desde que a minha mãe morreu que o meu pai se afastou e refugiou no trabalho, deixou de estar presente. Tenho pena da minha irmã, de mais ninguém, ela sim, não tem culpa de nada, foi ela quem me encontrou, nem quero imaginar o estado de aflição dela, tão pequena sem saber o que fazer. Mas não, eles não compreendem, não sabem como é estar no meu lugar nem a força que me impele em direcção ás lâminas no armário, aquela dor comparada com a que sinto é tão pequena e tão libertadora.»
- Continua

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