abril 04, 2011

Carta de Despedida

«Dear Love …
Só te queria dizer uma última coisa, deixar-te uma última palavra. Aqui vão ficar enterradas todas as saudades, saudades essas que me consomem a cada segundo, vou enterrar tudo, todo o sentimento, todas as saudades, vou parar com todas as lágrimas e vou dar a conhecer ao mundo um último sorriso. Não quero que te sintas culpado, longe disso, apenas quero que, ao ler isto, possas sorrir pois quero que te lembres “ela foi feliz comigo”. Lê estas poucas palavras, pois elas são uma despedida, sim, é verdade, não vale a pena escondê-lo; porque te iria mentir? Pode ser que fosse pior. Eu amo-te e amei-te com todo o coração, não suporto ver-te assim nos braços de outra. Hoje o mundo e a vida acabou para mim, não sei se foi de propósito, se não, mas eu perdoo-te por me teres trocado, perdoo-te por me teres magoado e perdoo-te por não te teres apercebido disto mais cedo. Sim, eu conheço-te e sei o que vais sentir ao ler isto, mesmo que não gostes de mim, sei que te sentirás culpado. Fui muito feliz contigo, juro-te por tudo. Mas quis por fim a todo este sofrimento, ir pela saída mais fácil e mais covarde. Eu garanto-te que, talvez, se tivesse a minha família comigo, as coisas seriam diferentes, esta decisão nada teve a ver com o estar sem ti, mas sim estar sem ninguém; queria-te a ti e só contigo sentia que tinha alguém. Agora? Agora é tarde para mim, mas tu sim, sê feliz. Ao escrever isto deparo-me com uma divisão de sentimentos, não sei se hei de deixar esta carta para leres mas seria, talvez, uma hipócrita ao ir-me embora sem te dar uma última oportunidade e uma explicação. Espero que, sejas a primeira pessoa a saber de tudo, que esta carta não seja lida por mais ninguém. Dou-te a minha vida, por isso, vive e vive feliz. Obrigada por estes longos anos. Amo-te!»
Esta carta encontrava-se em cima da secretária, na qual jazia ela, já lívida, quando a senhoria, após muitas tentativas, tinha se fartado de esperar e ido buscar a chave mestra. Abrira a porta e ao se aperceber de tudo, ligara ao 112, mas já era tarde. Esta encontrara a carta, que estava endereçada apenas com as palavras “Meu Martim”. Ela tivera, uma vez conhecimento, de um namoro que, sabia ela, ter durado uns poucos anos. Conhecia o rapaz e, sabia onde ele morava.
Mulher: Desculpe, você é o Martim?
Martim: Sou sim … De que se trata?
Mulher: Eu sou a senhoria da casa onde morava a Matilde … Ela suicidou-se ontem a noite e deixou uma carta para si, vim entrega-la, desculpe por ser eu a dar-lhe esta noticia. Boa tarde e adeus.
Martim não acreditava no que ouvira e, ao ler a carta, as lágrimas, involuntariamente, caiam e caiam sem cessar.


[inventado - dou continuação?]

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