março 28, 2011

Páginas rasgadas #3

Estava farta de tudo aquilo, não queria mais noites a chorar, mais manhãs e tardes a fugir e escondida dele, não queria mais "surpresas" e beijos dele, queria esquecer, parar de sofrer. Sábado de manhã, após tomar o pequeno-almoço, agarrei numa mochila, pus lá dentro alguma roupa, dinheiro e as coisas essenciais, agarrei nas chaves, enviei uma mensagem aos meus pais a dizer-lhes que não ia estar em casa no fim-de-semana, meti-me no carro! Os meus pais tinham uma casa de campo e esta era suficientemente isolada, para não ter de ver nem estar com ninguém, pelo menos durante todo o fim-de-semana.
Tinha um caderno, que para mim sempre tinha funcionado como diário, o qual, não tinha guardado dentro daquela caixa de "recordações". Esse, hoje, sentada junto ao lago, em frente à casa, começara a rasgar, página por página, em mil e um bocadinhos, muito pequeninos e a deixar que o vento os levasse de encontro à água, onde iam, desaparecendo, desintegrando-se, um a um.
O telefone toca e eu, atendi, instintivamente. Podiam ser o meus pais, mas ...
Joana: Estou?
Filipe: Por favor, vem à janela, preciso de falar contigo de te ..
Joana: Tu? De novo? Eu não estou em casa e, mesmo que estivesse, não ia. Já não tens nada a ver comigo.
Filipe: Não estás em casa?
Joana: Não Filipe, não estou.
Filipe: Mas estás na cidade?
Joana: Que te interessa?
Filipe: Já sei onde estás.
Joana: Anh?
Ele já tinha desligado o telemóvel. Não estava a perceber nada, isto parecia uma loucura, onde pensava ele que eu estava?
Passado uma hora, ouvi passos .. Que estranho, quem seria? Virei a cabeça para trás e, como o sol me encadeava, não conseguia ver a cara da pessoa que se dirigia a mim. Levantei-me e, quando vi que era ele, preparava-me para me ir embora, gritar-lhe, dizer que ele não tinha que estar ali. Agarrou-me na mão para que eu não me fosse embora.
Filipe: Joana, ouve-me!
E desta vez, não sabia porquê, não tinha virado as costas e fugido. Queria-me ir embora, mas o meu corpo não cedia, parecia que lutava contra mim, não obedecia à minha vontade. Eu ficara lá, para ouvir o que ele tinha para dizer, podia ser que conseguisse encerrar esta página da minha vida de vez.

[inventado]

2 comentários:

  1. Olá! Obrigada por me seguires! :D O teu blog parece-me ser interessante. Quando tiver tempo, irei lê-lo com mais atenção! beijinho!

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  2. Linda como todas as tuas outras histórias, linda mesmo *-*
    Vai ter continuação ?

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