março 25, 2011

Páginas rasgadas #1

Tinhas acabado com tudo e eu, cheguei a casa, tranquei-me no quarto e, em vez de começar a chorar, agarrei nas fotografias e rasguei-as, nas cartas, nos papeis, nos textos e nos bocados de papel fotográfico rasgados e guardei-os todos, sem excepção, numa caixa, a qual fechei à chave. A chave? Pensei deitá-la fora, mas, correndo o risco de me arrepender, decidi não o fazer e apenas mandá-la para trás da cama e de um armário, de maneira a que fosse difícil para mim lá chegar, para que, não voltasse a agarrar nessas coisas tão cedo. Tinha o hábito de ser masoquista, passava o tempo a olhar e a pensar nas coisas que me magoavam e aí sim, dei por mim, com as lágrimas a escorrer pela cara. Que raiva! Sentia uma dor por dentro e, odiava-o por me ter posto assim, mas não podia negar: eu gostava dele. O meu telemóvel, em cima da secretária, tocava e tocava e eu ignorava, fingia que não o ouvia, não queria ouvir ou ler o nome dele e muito menos a sua voz. De repente cessou. Pararam os telefonemas e apenas ouvi o toque de uma mensagem, passado algum tempo. Curiosa, fui buscar o telemóvel parar ver o que dizia:
«Eu amo-te Joana. Fica comigo. Filipe»
Comecei a rir-me ironicamente para o telemóvel, como se alguém me estivesse a ver. Se me amasse as coisas eram diferentes, ele não passava de um cabrão que me tinha enganado e eu não ia cair no mesmo erro, não uma segunda vez.
Não sabia se estava certo ou não responder mas mandei-lhe mensagem: «A mim tu não me voltas a enganar, fica com as outras todas ;) Joana»
As chamadas recomeçaram e eu, resolvi tirar o som ao telemóvel, assim, tornava-se mais fácil, ignorá-lo.

[inventado]

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