fevereiro 23, 2011

Uma carta, um amor .. parte 5

Acordei a pensar que estava farta de tudo, que tinha de me aguentar mais um dia. Levantei-me, fui a casa-de-banho e lavei a cara. De repente ocorreu-me e fui a correr até à mesa de cabeceira, desliguei o carregador do telemóvel e agarrei neste: uma mensagem. Dei por mim a tremer, seria o Filipe? Senti-me estúpida, apesar de tudo o que se passava, eu e ele éramos amigos à anos, podia perfeitamente ler uma mensagem, ou assim pensava eu. Respirei fundo e fui até a caixa de entrada ..
Mensagem de: melhor pessoa da minha vida (L)
«Eu amo-te, perdoa-me por tudo!»
Deixei cair o telemóvel na cama e fui a correr até ao roupeiro, vesti umas leggins, um vestido azul, calcei-as minhas botas preferidas, agarrei na mala preta, pus lá dentro a carteira, o estojo, a calculadora, as chaves de casa, uma escova e agarrei nos livros. Fui rapidamente até a cozinha e tomei o pequeno-almoço, pois tinha a esperança, estúpida, que ele tivesse voltado, que fosse ás aulas e, por isso, dirigia-me para a escola a correr. Reparei, a meio caminho, que não tinha o cartão da escola, que estupidez, tinha de voltar atrás .. Voltei a correr o mais rápido possível, entrei em casa a pressa e agarrei-o, ao sair de casa olhei para o chão e lá estava "Carta 5" com a pressa que estava pois, com tudo isto, já estava atrasa, guardei-a na mala para a ler mais tarde. Para minha desilusão, ao entrar na sala, a minha carteira ainda se encontrava ao pé de mim. Nós dois costumava-mos sentar-nos lado a lado e ele não estava lá, mas ele nunca chegava tarde, quando não vinha-mos juntos por algum motivo, quando chegava já cá ele estava. Apeteceu-me desaparecer, sair dali para fora, mas o professor de Português já tinha chegado. Resolvera dizer que estava mal disposta e ir-me embora após esta aula, que teimava não acabar.
Finalmente, tocou, e sai-mos para . Eu, agarrei nas minhas coisas e fui-me embora. Queria ir para longe de tudo, afastar-me de toda a gente. Dirigi-me ao parque até um dos sítios mais "escondidos" e fiquei ali, por muito tempo, fiquei a observar o lago, as poucas pessoas que iam passando ..
De repente lembrei-me, ainda não lera a carta. Agarrei na mal e tirei-a de lá de dentro, desta vez havia algo mais que um papel, era uma pulseira e esta dizia "Forever", na qual nem tinha reparado ao agarrar na carta, nessa mesma manhã, devido a pressa. Decidi colocá-la, que mal teria? Agarrei no papel e comecei a lê-lo, desta vez tinha algo um pouco maior. «Meu amor, eu sei que não sabes quem sou, mas por esta altura já devias de fazer alguma ideia, mas não faz mal. Falta pouco tempo, muito pouco para vires a correr para os meus braços. Amanhã receberás a ultima carta e depois perceberás tudo. Um beijo ..»
Tudo isto me deixava cada vez mais confusa. Principalmente o facto de que, sem me aperceber, desenhava e escrevia, numa folha branca do caderno o nome do Filipe por todo o lado. Que raio se passaria comigo? Tudo me lembrava dele, tudo mesmo, até estas cartas, e os pequenos gestos que elas demonstravam, mas não, não podia ser ele. Tinha voltado a ansiar pela próxima carta, mas esta seria a ultima e isso causava-me um aperto no coração .. E se? E se estivessem a gozar comigo? E se fosse tudo uma brincadeira? Não  me podia permitir a sofrer mais, pelo menos não agora, depois de uma dor tão grande que sentia, de um vazio tão grande. Que iria eu fazer? Mas a verdade é que ansiava pelo dia seguinte.
De repente o telemóvel tocava, era a Mariana ..
Mariana: - Que se passa? Porque te foste embora logo a seguir a primeira aula?
Matilde: - Não me estava a sentir muito bem ..
Mariana: - Então»
Matilde: - Oh, não é nada ..
Mariana: - Onde é que estás? Queres falar?
Matilde: - Não, ainda não. Ainda é cedo para o conseguir fazer desculpa..
Mariana: -Tudo bem, qualquer coisa liga-me ..
Matilde: -Sim, adeus ...
Desliguei a chamada .. Só me apetecia gritar, desaparecer, agora sim tinha percebido o que o meu coração queria, ele queria o Filipe, era por ele que eu era feliz, que eu sorria, que eu estava cá, que eu me aguentava acontecesse o que acontecesse, era por ele que eu tinha todas as minhas forças e agora sem ele não era nada .. Liguei-lhe de novo, mas desta vez em privado ..
Filipe: - Sim?
Fiquei sem voz, não sabia o que fazer. A mim, não me atendera uma única vez mas a um número desconhecido atendia logo ..
Filipe: - Está aí alguém?
Ganhei coragem e respondi: - Desculpa, apenas precisava de ouvir a tua voz ...
Filipe: - Matilde?
Matilde: - Sim ..
Filipe: - Desculpa, mas eu ...
Matilde: -Espera não desligues, deixa-me só falar ...
Filipe: - Diz ..
Matilde: - Não sei porque estás a fazer tudo isto, mas eu quero lutar por nós, mas para isso preciso que voltes, eu assim não tenho forças para fazer o que quer que seja, quero lutar por nós, sei que poderemos ter um futuro, mas para isso preciso que voltes..
Filipe: - Desculpa Matilde, eu amo-te.
E dito isto desligou. Não sabia o que sentir, começara a chorar de novo, porque estaria ele a agir assim? Dizia que me amava e depois desligava o telefone, não atendia ao saber que era eu, que poderia fazer eu para que ele voltasse? Sem que eu me apercebesse tinha começado a chover e eu, ali, debaixo da chuva. Levantei-me e comecei a correr em direcção a casa. Mal cheguei meti-me na cama, só desejava que o dia acabasse, que tudo aquilo acabasse ..
(inventado)

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