abril 02, 2011

Páginas rasgadas #7

Sonhei com ele e eu, sempre acreditei, que os sonhos revelavam desejos, quereres, do sub-consciente. Pensei que, talvez, a vontade de voltar fosse maior do que a dura realidade que tinha e iria, ainda, enfrentar. Estaria disposta a sacrificar tudo? Sonhei com ele, à beira mar, a correr na minha direcção. Eu, parecia querer afastar-me, mas andando na direcção dele. Andava como se não o visse, deixando-me ficar para trás, para que ele me apanhasse... Quando acordei, dirigi-me a mesinha de cabeceira, onde tinha o telemóvel, agarrei-o e digitei um mensagem «Filipe, que me dizes dos sonhos?» sabia que ele ia estranhar aquela pergunta, passado poucos minutos recebi uma resposta «São os nossos desejos mais profundos e secretos, são aquilo que derradeiramente queremos, são eles que quando estamos indecisos nos mostram o caminho. E sabes como sei? Porque sonho contigo todas as noites.» Não lhe respondi .. não sabia que dizer, mas deu-me uma resposta para me induzir, ainda mais, no caminho dele. Não lhe disse mais nada o dia todo, mais à noite, mandei-lhe mensagem: «Vais a festa do liceu?». Disse-me apenas que sim, não perguntou se ia, nem porquê, respondeu secamente, talvez por eu não ter dito mais nada, durante todo o dia, mas ele não me podia exigir nada .. Vesti o meu vestido branco, calcei as minhas botas preferidas, que ficam a condizer com o vestido e, sem pensar duas vezes, agarrei nas chaves do carro e dirigi-me até ao liceu. Esperava tudo, menos chegar lá e constatar que, ele apenas não me tinha dito mais nada, por já ter um par.
Devagar, cheguei ao pé dele, toquei-lhe no ombro e, assim que ele olhou para trás, dei-lhe um estalo.
Joana: És um mentiroso! Não me enganas de novo! Eu ia voltar, juro que ia, mas agora? Agora não quero mais mentiras!
Filipe: Mas tu estás parva?
Joana: Ainda me insultas? Não me gozes.
Raquel: Joana, ele só veio comigo porque eu lhe pedi. O João acabou comigo e eu, não queria vir sozinha.
Joana: Não te metas Raquel.
Raquel: Estou só a dizer a verdade. Não é justo chateares-te com ele por isto ... Ele não teve culpa.
Joana: E eu tive culpa do que ele me fez sofrer? Não e sofri-o, além de que, se ele me disse que estava arrependido podia ao menos ter cumprido com tudo o resto.
Comecei a correr, dali para for e ele foi atrás de mim. Agarrou-me o braço, como muita vez fazia e tinha feito, rodou-me na direcção dele, abraçou-me e eu, mais uma vez, comecei a chorar.
Filipe: Tu és tudo para mim. Gosto mais de ti do que de mim. Se acontecesse alguma coisa daria tudo para te salvar, para mim, a tua vida é mais importante que a minha própria. Por favor, só te peço mais uma, mais uma oportunidade.
Joana: Eu só ... só te peço que não me voltes a magoar! - disse, entre lágrimas.
Filipe: Eu prometo! Prometo que não volto a fazer nada que volte a fazer essas lágrimas caírem desses teus lindos olhos. Vem, vamos lá para dentro.
Deu-me a mão, beijou-me a testa, limpou-me as lágrimas que, calmamente, cessaram. Ao entrarmos na sala de convívio, onde estava a decorrer o baile, começou a tocar a nossa música, fez-me rodar sobre mim mesma, agarrou-me pela cintura, chegou-me perto de si e deu-me um longo e demorado beijo.
Filipe: Amo-te!

[inventado - FIM]

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